terça-feira, 14 de julho de 2015

SONETO DO AMOR CIRCENSE

Nesta canção vejo a caricatura do amor em forma de poesia! Perfeito! A música e a poesia dão, ao mesmo tempo, leveza e densidade às sensações extremas do amor, sem deixar de dizer em nenhum instante o quanto nos faz sentirmos vivos!

Márcia Salomon

















SONETO DO AMOR CIRCENSE (Fábio Roberto / Leandro Henrique)

o peso de um amor são toneladas
a altura de um amor é astronômica
a máscara do clown é muito cômica
que até o mais sisudo dá risadas.

os líquidos do amor se dão aos litros
as músicas se escutam a quilômetros
as febres são mentira pr'os termômetros
faquíres, por amor, pisam em vidros.

crianças não gargalham só por regra
palhaço que não tomba não alegra
no circo o que bocabre é a mágica!

ninguém quer ver a vida tão macabra
por mais que seja falso o abracadabra
a máscara do amor é muito trágica...



Descrição:

Ante o desafio decassílabo de Leandro, Fábio arrancou de si a malandragem de um sambista acrobata. Ou Leandro conseguiu encaixar um soneto perfeito no trapézio melódico de Fábio.  Ou letra e música, sincrônicas, nasceram juntas, como gêmeas se abraçando na tenda de espelhos...


Ficha Técnica:

Márcia Salomon  – Voz
Leandro Henrique – Violão requinto
Alexandre Ribeiro –  Clarinete
Arismar do Espírito Santo – Baixo acústico
Pedro Ito – Percussão

Produção: Edu Gomes
Mixagem e Masterização: Daniel Lanchinho
Foto: Sheila Oliveira

COLECIONANDO PARTIDAS...

Sempre que vou escolher uma música para gravar começo pela letra. Tenho que me identificar com a poesia e depois incorporá-la junto com a melodia. Foi assim com esta canção. Porque eu colecionei partidas minha vida toda!!! Bem idas, bem vindas e bem vida.

Márcia Salomon


















COLECIONANDO PARTIDAS... (Fábio Roberto)

de quem foi
de quem vai e vem
quem não vem nem vai
quem nem sai
quem diz oi
e quem nem...
quem que dói?
quem que quis também?
quem corrói?
qual ninguém?
quem diz tchau
e quem nem...

colecionando partidas
bem vindas
bem idas
bem vidas

partidas
Midas
da dor
colecionador
coleciona dor




Descrição:

Embevecido com a imagem mitológica de Midas, o rei que transformava em ouro tudo que tocava, Fábio adaptou o mítico, convertendo-o numa espécie de Midas apenas trágico, cujo toque a tudo e a todos afasta, numa ferina metáfora sobre a inexorável diáspora do ser humano em torno do amor.


Ficha Técnica:

Márcia Salomon – Voz
Leandro Henrique – Violão 6 cordas
Edu Gomes – Violão 12 cordas
Olívio Filho – Acordeon
Pedro Ito – Percussão

Produção: Edu Gomes
Mixagem e Masterização: Daniel Lanchinho
Foto: Sheila Oliveira

AS HORAS


Quando ouvi esta canção pela primeira vez, pensei que Fábio tinha lido meus pensamentos! Hoje sei que leu os de muitos. Essas fases da vida que você se sente sem rumo, que busca incansavelmente por inspiração e parece que foge das mãos qualquer possibilidade. Mas ainda assim a gente não desiste!

Márcia Salomon


















AS HORAS (Fábio Roberto)

fugiram-me as melodias
estou seco de som
nunca domino este dom
que agonia
hora não escrevo
hora não canto
hora nem devo
hora espanto

fugiram-me as agonias
estou seco de sol
nunca domino o arrebol
melancolia
hora não faço
hora arrebento
hora ultrapasso
hora tormento

fugiram-me sabedorias
estou seco de luz
nunca domino esta cruz
quero alforria
hora eu corro
hora eu fico
hora eu morro
hora eu fabrico

fugiram-me as poesias
estou seco e audaz
nunca domino a paz
que nostalgia
hora eu reclamo
hora eu risada
hora eu amo
hora eu nada...





Descrição:

Poema e música irromperam em proporção eruptiva exatamente de um momento de plena estiagem criativa. O autor em clara preterição literária abusa da imagem irônica ao usar a escassez de ideia na própria ideia que desenvolve numa grave toada, cuja descendência musical evoca o ritmo e o dedilhado das nômades canções flamencas. 


Ficha Técnica:

Márcia Salomon – Voz
Leandro Henrique – Violão de Nylon
Edu Gomes – Guitarra e Violão de aço
Arismar do Espírito Santo – Baixo fretless
Pedro Ito – Percussão

Produção: Edu Gomes
Mixagem e Masterização: Daniel Lanchinho
Foto: Sheila Oliveira

DESCONFORTO

Esta canção do meu novo álbum é uma ótima reflexão para você que não para de reclamar da vida! Cuidado, a paciência alheia é curta e chega o momento que reclamar não adianta mais! 

Márcia Salomon

















DESCONFORTO (Fábio Roberto)

para com isso
tantos desabafos tolos
a parede está cansada de te ouvir
o travesseiro encharcado de tua lágrima
tua casa já não quer te dar abrigo

para com isso
esses reclamos todos em nada te confortam
se o anjo já cansou de te guardar
e o diabo de te perseguir





Descrição:

Estarrecido do estorvo e abandono completos, o autor, personagem de si mesmo, explora um solilóquio autodialético, amplificado pelo expressivo lamento do Blues em menor.


Ficha Técnica:

Márcia Salomon – Voz
Michel Freidenson – Piano
Edu Gomes – Guitarra
Arismar do Espírito Santo – Baixo fretless
Alex Duarte – Bateria

Produção: Edu Gomes
Mixagem e Masterização: Daniel Lanchinho
Foto: Sheila Oliveira

MINHA TRIBO

Quando pedi para que Fernando Brant fizesse uma parceria com Leandro para que eu pudesse ter a honra de gravar, contei que sou muito ligada a terra, à natureza, às minhas raízes, e que, sendo intérprete, procuro as poesias que dão as formas de minha voz à minha alma, à minha vida! Ele me presenteou com Minha Tribo. Ele fotografou a minha alma! Danado esse Fernando que hoje é totalmente Luz! 

Márcia Salomon

















MINHA TRIBO (Leandro Henrique / Fernando Brant)

canto o que sei
eu ouço as mesmas vozes
cada um tem o seu mundo, o seu som
sei que muita gente tem história igual a minha
viveu vida, estrada que eu vivi
assim eu procuro tocar fundo o sentimento
de quem vem cantar junto a mim

eu não sei cantar o canto de outra tribo
o meu verso vagabundo sai de cor
assim o meu sangue se desdobra em poesia interior
toca o coração de gente que entende que eu falo português



Descrição:

Melodia romântica quase perdida por Leandro no oceano do esquecimento, feito a garrafa do náufrago, foi levada pela voz marítima de Márcia Salomon até as mãos do consagrado letrista Fernando Brant que, por sua vez, colocou em cada nota todo o significado de vida, arte e sintonia que Márcia transpira, exala e almeja.    

Ficha Técnica:

Márcia Salomon – Voz
Leandro Henrique – Violão Requinto
Richard Fermino – Trompa
Mario Aydar – Violoncelo
Pedro Ito – Percussão

Produção: Edu Gomes
Mixagem e Masterização: Daniel Lanchinho
Foto: Sheila Oliveira

NADA MAIS

Esta música foi uma farra desde a primeira vez que a ouvi. “More lá no bar” é uma frase pra gargalhar com a história e Leandro Henrique e Eu nos divertimos muito com esse casal em eterna discussão! Embora o poeta faça referências aos tempos mais antigos, às vezes me parece bem atual. Quiçá!!

Márcia Salomon

 

NADA MAIS (Eduardo Roncoleta / Leandro Henrique)

ELE eu não volto mais pra cá
ELA como quiser, pago pra ver
ELE juro, dessa vez, deixo pra lá

ELE como pôde ser tão má
ELA eu sou mulher de se valer
ELE volto nunca mais, jeito não dá

ELE pense que talvez
ELA fica pra depois
ELE fico por nós dois
ELA volte noutro mês

ELE como pôde, sem perdão
ELA quem sabe, igual da outra vez
ELE me fazer dormir no chão

ELE juro te esquecer jamais
ELA mentira faz ninhos no bar
ELE deixe a tua dor sermos casais

ELE só porque cheguei às três
ELA até doeu tanto esperar
ELE culpe o bar por ser muito cortês

ELE ontem me expulsou
ELA fora deste lar
ELE mas pra onde vou?
ELA more lá no bar

ELE eu não volto mais pra lá
ELA como quiser, pago pra ver
ELE juro, dessa vez, quiçá




Descrição;

Leandro letrou a melodia do multinstrumentista Eduardo em molde de dueto, recordando no motivo lírico do embate conjugal as sensações e peripécias boêmias dos tempos de outrora.

Ficha Técnica:
Márcia Salomon – Voz
Leandro Henrique – Voz e Violão 
Edu Gomes – Guitarra 
Arismar do Espírito Santo – Baixo acústico
Alex Duarte – Bateria

Produção: Edu Gomes
Mixagem e Masterização: Daniel Lanchinho
Foto: Sheila Oliveira

SAMBA NA BITUCA

Lindíssimo e divertido samba, onde mais uma vez o poeta nos mostra os impasses do casal que não consegue se entender de jeito nenhum...mas que dessa vez, o samba é a opção de ser mais feliz!!!! E vamos sambar!!!!

Márcia Salomon


SAMBA NA BITUCA (Mauricio de Oliveira Jr./ Leandro Henrique)

cheia de você
até a lua hoje está
cadeia ou você
prefiro a grade que me dá
espaço pra pensar 
se eu quero ir ou não

samba pra você
é batucada de ralé 
garanto pra você
se por acaso não me der
um tempo pra sambar 
eu roubo o seu relógio

fica se quiser
no samba tem mulher
tem violão
bate se quiser
aí não dou colher
do meu perdão

diz morrer de tédio
mostra o dedo médio
diz que vai pra casa da mãe
dou meu incentivo
pago o coletivo
só devolva o troco amanhã

aí virou o cão
xingou até tossir
depois cuspiu no chão
jurou me perseguir

lá no botequim
a lua senta pra beber
nos lábios da mulher
que pede um samba pra poder
se esquecer da dor
e repartir amor

mandam preparar
pandeiro, flauta, violão
cadê o o bandolim
se atrasar, deixar na mão
só vai poder fumar
o samba na bituca

meio do refrão
você de supetão
atrás de mim
sobe no balcão
porrete numa mão
na outra o gim

se perdeu juízo
não perdeu o guizo
quebra toda decoração
já de perna mole
toma mais um gole
gira o corpo feito pião

escorregou no vão
girou até sorrir
espatifou no chão
um show de aplaudir



Descrição:

Para a sagaz melodia do bandolinista Maurício, Leandro tomou emprestado o estro de Aldir Blanc e Noel Rosa, compondo uma letra brincalhona e libertária ante as artimanhas psicológicas (e físicas) de um cônjuge extremamente possessivo.


Ficha Técnica:

Márcia Salomon – Voz
Michel Freidenson – Piano
Arismar do Espírito Santo – Baixo acústico
Alex Duarte – Bateria

Produção: Edu Gomes
Mixagem e Masterização: Daniel Lanchinho
Foto: Sheila Oliveira

TENHO FOME

Para mim esta música é a maior declaração de amor, a mais intensa que já vi! 

Márcia Salomon



TENHO FOME (Fábio Roberto)

tenho fome daquela comida
do seu beijo, da sua mordida
seu abraço, seu cheiro de vida
de sua língua e da doce lambida

em mim. uma fome sortida
de sabor, de forma divertida
uma fome delicada e dolorida
acesa, quente, colorida

uma fome prevalecida
do tesão de ver-te possuída
uma fome profunda, parida
da loucura santa e pervertida

uma fome de te por assim despida
completamente, mas totalmente protegida
e minha fome te será consumida
pelo corpo e pela alma digerida.




Descrição:

Canção que reflete o jeito leonino de amar: quente, delicado, agressivo, protetor, divertido, sexual, santo, pervertido, apaixonado...


Ficha Técnica:

Márcia Salomon – Voz
Leandro Henrique – Violão 
Edu Gomes – Guitarra, violão de aço e baixo
Pedro Ito – Bateria
Fábio Roberto e Leandro Henrique – Vocais

Produção: Edu Gomes
Mixagem e Masterização: Daniel Lanchinho
Foto: Sheila Oliveira

segunda-feira, 13 de julho de 2015

NADA MENOS

E aquele casal que nos divertiu tanto na canção “Nada Mais” ainda continua discutindo, agora com requintes de provocações! Mas embora não se canse de aprontar, não é que no fim das contas Ele sempre se dá bem? Parece ser o dom do boêmio poeta, certo Leandro Henrique?

Márcia Salomon

 

NADA MENOS (Leandro Henrique / Pratinha Saraiva / Fábio Roberto)


ELA

dessa vez te dou um prêmio
com a cara do boêmio
chega na ponta dos pés
drops disfarçando o bafo
só não dou-lhe um bom sarrafo
porque sei contar a dez

quase nunca telefona
eu não sou a tua dona
mas não custa me avisar
fala quem foi que te deu carona
a verdade vem à tona
é melhor se adiantar

ELE 


meu amor, não perca a pose
eu não sou um virtuose
mas vou te fazer feliz
quem me trouxe foi a Rose
dessa vez conte até doze
é só uma amiga que eu fiz

se puder conte até quinze
feche teus olhos de lince
e imagine-se em Paris
chega de tanto balacobaco
já quebrou o meu cavaco
mas não quebra meu nariz

ELA

uma vez foi a gaúcha
com você tomando ducha
deu vontade de bater
doutra foi a carioca
que veio propor a troca
deu vontade de fazer

antes que venha a paulista
meu caro, te dou a pista
vou armar grande barraco
toda paciência tem limite
antes de contar a vinte
caio nos braços de Baco

ELE

vá deitar em tua cama
tira a roupa e não reclama
vamos num ménage a trois
já tô calibrado desse vinho
mas vou defender meu ninho
Baco fica de voyeur

não se faça de Amélia
eu sou do arco da velha
mas um homem de valor
o teu coração parece um clube
você bomba no Youtube
aos beijos com o Alaor




Descrição:

Por muito tempo inacabado, este samba, inicialmente pensado como Choro tradicional, em tres partes, foi derivado de Nada Mais, do qual Leandro saiu insatisfeito pelo reduzido número de versos reservados à voz feminina (um por estrofe em detrimento dos dois masculinos). Para Nada Menos resolveu equiparar ainda em dueto as vozes líricas de ambos os gêneros. Após anos rodeado dos andaimes da procrastinação, recebeu segunda e terceira partes melódicas do compositor e flautista Pratinha Saraiva e, finalmente, o arremate do arquiteto das palavras, Fábio Roberto.


Ficha Técnica:

Márcia Salomon – Voz
Leandro Henrique – Voz e Violão 
Pratinha Saraiva – Flauta
Arismar do Espírito Santo – Baixo acústico
Alex Duarte – Bateria

Produção: Edu Gomes
Mixagem e Masterização: Daniel Lanchinho
Foto: Sheila Oliveira

DENTADURA AMARELA

Em uma de nossas mostras de música, poesia e artes, Leandro foi sorteado com a palavra Dentadura e convidou Fábio para uma parceria. Deveria, a princípio, ser uma brincadeira do momento, mas me diverti tanto com essa canção que não pude resistir ao desejo de gravá-la no novo Cd. Senão Minha Tribo não estaria completa!

Márcia Salomon



DENTADURA AMARELA (Leandro Henrique / Fábio Roberto)

o cigarro e o café
junto com o bom caramelo     
são principais causadores
do meu sorriso amarelo

desde pequena eu escuto 
minha vó falar assim
menina, escova as arcada 
pra não ficar sem no fim
aí tirava as postiça 
e mostrava para mim
as gengiva tudo lisa 
feito pele de pinguim

se eu não ponho a dentadura
fico assim toda banguela
pra quebrar a rapadura
só com ajuda do martelo
boca que tiver frescura
fica cheia de farelo
e nada tem mais doçura
que o meu sorriso amarelo

já sorri que nem modelo 
de pasta de dentes em comerciais                           
onde todo mundo é belo 
e sorri pra ocultar os seus dotes mentais
hoje não sorrio mais 
nem com vara de marmelo
quem quiser que vá atrás 
de outro sorriso amarelo

perdi meus dentes por causa
de tanta fumaça, café e açúcar
e mesmo assim não dou pausa
nem mesmo por bronca, mandinga ou uruca
quem um bom café recusa
deve ser ruim da boca
disso aí ninguém me acusa
cachorro velho não se educa

arranquei dente do siso
por isso não sou sisuda
levo a vida sem juízo
uma cervejinha ajuda
pra compor o meu sorriso
pra sentir que inda sou bela
só de uma coisa eu preciso
da dentadura amarela



Descrição:

A Casa do Sarau, onde habitam os autores, é considerada uma usina de criações artísticas. E foi para um Sarau que a irônica, politicamente incorreta, bem-humorada e irreverente música foi composta, retrato fiel dos autores e da intérprete.


Ficha Técnica:

Márcia Salomon – Voz e coro
Leandro Henrique  – Violão e coro
Alexandre Ribeiro – Clarinete
Pedro Ito – Bateria e percussão
Edu Gomes, Fábio Roberto e Sonia Santhelmo – Coro

Produção: Edu Gomes
Mixagem e Masterização: Daniel Lanchinho
Foto: Sheila Oliveira

NÁUFRAGO



Canções de paixão são diferentes de canções de amor.  Mas quando esses sentimentos e sons se somam e se misturam o coração vira plenitude. A vida é assim: falta, saudade, ilha, barco, oceano... E tudo isso vira uma música como Náufrago. Mergulhe!!!

Márcia Salomon

















NÁUFRAGO (Leandro Henrique / Fábio Roberto)

vem logo, meu poeta vagabundo
o teu é um coração de marinheiro
navega tolas paixões pelo mundo
mulher nenhuma o terá por inteiro

mas põe dentro de mim um teu pedaço
mais que a lembrança desse corpo ardente
que ao meu encaixas com estardalhaço
como um navio que atracou de repente

vem logo, feito um náufrago carente
com sede desse amor de tantos anos
dou de beber, sou serva obediente
aos teus caprichos, mesmo os desumanos

só quero, meu poeta leviano
quando estiver vazio meu travesseiro
sentir pulsando em meu ventre cigano
nosso menino malandro e arruaceiro

deixe o presente, este nosso rebento,
pois sei que para mim não voltas
só sabes viver ao sabor do vento
e mergulhando nas ondas mais revoltas





Descrição:

O poema foi criado e enviado para Leandro, que ficou um tempo germinando a música. Certa noite, em inspiração alucinada, o compositor já ia pela metade da canção, quando foi interrompido de súbito por invasores festivos ao seu ambiente. Por insistência da Márcia que queria incluí-la no CD por plena identificação, a melodia foi muito depois resgatada por Fábio em simbiose criativa com o parceiro, simbiose esta retratada no final da gravação pelas vozes da sereia e do náufrago em canto rasgado e emocionante.


Ficha Técnica:

Márcia Salomon – Voz
Leandro Henrique – Violão e voz
Mario Aydar – Violoncelo

Produção: Edu Gomes
Mixagem e Masterização: Daniel Lanchinho
Foto: Sheila Oliveira

CANÇÃO DE PEDRA

Às 4 da manhã, quando ouvi esta canção pela primeira vez, fiquei com o queixo caído. Pedi pra tocarem a música de novo... continuei não acreditando, como tão poucas palavras podiam falar tão profundamente da ausência e frieza de um amor? 

Márcia Salomon




CANÇÃO DE PEDRA (Fábio Roberto / Leandro Henrique)

as minhas mãos de vento
teu cabelo de pedra agitam

por mais acariciado
o teu sentimento
não sai do lugar





Descrição:

Ao ler este poema de estética e concepção filosófica a la Quintana, criado por Leandro, seu filho, Fábio mais uma vez pensou: eu que tinha que ter escrito isso, pô! Obstinado mentalizou as influências mais instigantes do etéreo para gerar a melodia. O sonho dos autores se realizou muito antes da gravação, quando  Márcia ouviu a música em plena madrugada e disse: essa um dia eu vou gravar!


Ficha Técnica:

Márcia Salomon – Voz
Leandro Henrique – Violão requinto
Pratinha Saraiva – Flauta
Pedro Ito – Percussão

Produção: Edu Gomes
Mixagem e Masterização: Daniel Lanchinho
Foto: Sheila Oliveira

BRUXA

Uma Bruxa é sempre polêmica. Tem os que admiram, tem os que condenam. Essa talvez seja a canção que mais me identifico. Vejo a poesia desta canção como uma metáfora contando a superação da mulher, a guerreira que sobrevive às dificuldades, incompreensões e injustiças, sobrevoando... A melodia vestiu essa história em todas as suas nuances, ora forte, ora suave, mas sempre pulsante.

Márcia Salomon



















BRUXA (Fábio Roberto / Jairo Araujo)

sobrevoei e sobrevivi
senti as chamas me consumirem
e sobrevivi, sobrevoei
fui apedrejada e enterrada
o meu corpo em partes separadas
o meu corpo e o pecado, nus

sobrevoei e sobrevivi
senti as chamas me consumirem
e sobrevivi, sobrevoei
fui a festas, danças, cantorias
embriaguei os vinhos, fermentei os pães
o meu corpo e o pecado, nus

contei peixes ao nadar num belo mar
vi estrelas, astros, estrelatos
sou a sombra perseguindo a luz da vida
sou a sobra e as cinzas de uma vida
sobrevoando
sobrevivendo




Descrição:

Os autores ficaram anos sem compor juntos, até Jairo aparecer com um papelote onde vários versos jaziam despejados despretensiosamente. Ao bater os olhos na tinta o coração do Fábio já bateu no ritmo depois transposto ao violão, com alguns pitacos na letra para não perder o hábito de transtornar o amigo. Parceria renascida. Já era a Márcia lançando os seus feitiços.


Ficha Técnica:

Márcia Salomon – Voz
Leandro Henrique – Violão 
Edu Gomes – Guitarra 
Arismar do Espírito Santo – Baixo fretless
Alex Duarte – Bateria
Thomaz Rohrer – Rabeca

Produção: Edu Gomes
Mixagem e Masterização: Daniel Lanchinho
Foto: Sheila Oliveira